Muitos já foram inquiridos com essa mesma duvida e se conseguira ou não a resposta deve continuar a se perguntar.
Uma nova amiga de internet me fez essa pergunta recentemente: “Cê acha que eu tenho futuro como doujinsjiká?” E como resposta ouviu: “Mas eu ainda não vi nada seu (referindo-se a doujins e não a ilustração que ela tem aos montes).
Um bom ilustrador nem sempre vem a ser um bom desenhista de histórias em quadrinhos, pois o HQ exige uma continuação e vários ângulos. Digo isso com seriedade e firmeza, pois já vi muito ilustrador fugindo de ângulos e enfoques e indo pelo caminho do mais fácil, ou seja, o rosto da personagem em 1° plano e com poucas expressões.
Para um quadrinho mais desleixado e de tendência de submundo isso até vale, mas para o estilo mangá nunca valerá; afinal, mangá é como cinema: ação constante.
Difícil?
Não! Trabalhoso.
Eu acabei de gastar a tarde em dois quadrinhos onde eu trabalhei com muito esmero e paciência (dominando-me o ímpeto de querer fazer logo e do modo mais simples) para que o meu leitor não venha a trazer nenhuma crítica ao traço; salvo roteiro que ele ainda é a pessoa endereçada e, no tanto, a pessoa que pode julgar se lhe agradou ou não.
Ser desenhista de história em quadrinho (mangaká, doujinshiká, quadrinhista, etc.) é uma arte solitária. Só você à mesa, folhas, canetas, lápis (se trabalha sozinho como eu) ou com o grupo que monta o doujin (se for em grupo como muitos preferem).
São momentos isolados e doados a saga que você desenvolve e que não podem ser feitos com pressa e desatenção.
Você deve prestar atenção nas suas personagens, no ângulo para melhor passar ao leitor o que pretende mostrar de importante. Nas “entrelinhas” da imagem e do texto, para o leitor mais atento (ele merece). Entregar tudo de “graça” não vale a pena, isso é para HQ infantil (e algumas nem isso fazem em respeito aos seus leitores mirins).
É perceber o que as personagens dizem ao decorrer da ação. Muitas vezes eu (e outros) mudei a ação e parte do roteiro porque percebi que isso não funcionaria com a personagem, mesmo que o roteiro estivesse pré-determinado. Mas isso só acontece com aqueles comprometidos com o seu trabalho artístico.
Seu trabalho é reflexo da importância dele pra você desenhista.
Não culpe o leitor se ele perceber que o que você ofereceu não o agrada, a culpa é sempre de quem fez, pois se o leitor adquiriu o seu trabalho é porque ele deu um voto de confiança ao seu trabalho. Pense nisso!
Resumindo: evite perguntar se você tem ou não jeito. Faça! Exponha (ou venda) e daí espere pelo retorno que virá mesmo que você não o espere, disso tenha certeza absoluta.
Dominus tecum.